CV planejou comprar drone com câmera térmica para vigiar a polícia à noite: 'A gente tem que se adequar à tecnologia', diz bandido
Traficantes do Alemão e da Penha planejam comprar drone com câmera térmica, aponta investigação Uma investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecent...
 
							Traficantes do Alemão e da Penha planejam comprar drone com câmera térmica, aponta investigação Uma investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) revelou que traficantes do Comando Vermelho instalados no Complexo da Penha negociam a compra de drones com câmeras térmicas — tecnologia capaz de detectar pessoas mesmo no escuro. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça O conteúdo das mensagens foi anexado à denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), que embasou a megaoperação de terça-feira (28), quando chefes da quadrilha foram alvos de mandados de prisão. Foram presos, no total, 113 suspeitos na operação. Não foram divulgados os nomes de todos os presos ou dos mais de 120 mortos. Poucas pessoas da cúpula foram encontradas. Em um dos trechos interceptados, um criminoso comenta: “O meu não é noturno, o meu é câmera normal. Nós temos que ver o térmico.” Ele recebe a resposta de outro integrante: “A gente tem que se adequar à tecnologia, entendeu?” Segundo os investigadores, o objetivo da compra seria melhorar o monitoramento de incursões policiais nas comunidades e ampliar o controle territorial da facção — que mantém domínio sobre mais de mil comunidades no estado. O drone com sensor térmico permite identificar pontos em que as pessoas estejam circulando mesmo à noite. Reprodução Base do Comando Vermelho e estrutura organizada As investigações apontam o Complexo da Penha como uma das principais bases operacionais do Comando Vermelho no Rio. Localizado próximo a vias expressas, o conjunto de favelas facilita o escoamento de drogas e armamentos. A partir dali, a facção vem expandindo o controle de áreas na cidade, especialmente na região da Grande Jacarepaguá. Imagens gravadas no início da operação de terça-feira mostram criminosos armados se preparando para fugir pela mata. Alguns usavam roupas camufladas e uniformes semelhantes aos das forças de segurança. De acordo com o levantamento da Polícia Militar, o Comando Vermelho domina 1.028 comunidades no estado. A expansão, segundo o MPRJ, gerou uma demanda crescente por dinheiro, armamento e homens dispostos a matar ou morrer pela facção. Imagens mostram traficantes fortemente armados antes de megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha Reprodução TV Globo Hierarquia, tortura e vigilância As mensagens apreendidas revelam uma estrutura hierárquica detalhada, com escalas de plantão, controle de pagamentos e punições. Há ordens de tortura e execução. O traficante Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, é apontado como o principal chefe do grupo na Penha — sua casa é constantemente vigiada por seguranças armados de fuzis. Ele está foragido. Outro nome citado na denúncia é Juan Breno Malta Ramos, o BMW, responsável por tribunais do tráfico e por determinar castigos e execuções. Em um dos episódios descritos, uma mulher foi colocada dentro de uma banheira de gelo por ter brigado em um baile funk; em outro, um homem foi arrastado por uma moto, acusado de roubar dinheiro do tráfico. O criminoso Fagner Campos Marinho, o Bafo, aparece como um dos responsáveis por sessões de tortura — ele foi preso na operação. Traficante Edgar Alves de Andrade, o Doca Reprodução Rede de câmeras e vigilância constante Os traficantes também controlam diversas câmeras instaladas nas comunidades, usadas para acompanhar a movimentação de policiais e rivais. Com a intenção de aprimorar esse sistema de vigilância, as mensagens mostram o interesse em adquirir drones noturnos com tecnologia térmica, capazes de localizar pessoas em ambientes escuros ou cobertos por vegetação. Operação e desdobramentos A operação de terça-feira foi resultado de meses de investigação da DRE em parceria com o Ministério Público. A ofensiva buscou cumprir mandados de prisão contra chefes e operadores logísticos da facção. Segundo os investigadores, a apreensão de armamentos e a análise das mensagens indicam um nível inédito de organização e sofisticação tecnológica no tráfico carioca — que hoje mistura controle territorial, inteligência de vigilância e armamento pesado. LEIA TAMBÉM Porsche, ordens de tortura e 'favor' para major da PM: o retrato do CV na denúncia que embasou operação no Rio Quem é Grandão, o 'síndico da Penha' que cuida da segurança dos traficantes Arsenal de fuzis apreendido na Penha e no Alemão incluía armas de exércitos de Venezuela, Argentina, Peru e Brasil Operação Contenção no Complexo da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro Arte g1
